sábado, 19 de janeiro de 2013

Carta de despedida de Satoshi Kon

Satoshi-Kon

Sayonara (Adeus)

Como eu poderia esquecer, o dezoito de maio deste ano.

Recebi o seguinte pronunciamento de um cardiologista no hospital Musashino:

“São os estágios avançados de câncer pancreático. Metástase em vários ossos. Você tem no máximo meio ano de vida.”

Minha mulher e eu escutamos juntos. Foi um destino tão inesperado e inadmissível que mal podíamos aceitar.

Eu costumava honestamente pensar “nada posso fazer se morrer qualquer dia desses”. Ainda assim, foi tão súbito.

Para ser exato, houve alguns sinais. Dois a três meses antes disso, tive fortes dores em vários locais em minhas costas e nas juntas de minhas pernas; havia perdido força em minha perna direita e achado difícil andar, e estive indo num acupunturista e num quiroprático, mas não estava obtendo qualquer melhora. Então, depois de ser examinado em uma RM, um PET-CT e em tais maquinarias avançadas, veio o súbito aviso do tempo que me restava.

Foi como se a morte posicionara-se logo atrás de mim antes que eu soubesse, e não havia nada que eu pudesse fazer.

Depois do aviso, minha mulher e eu pesquisamos jeitos de prolongar minha vida. Era literalmente uma questão de vida ou morte. Recebemos o apoio de fiéis amigos e caros aliados. Rejeitei a medicação contra o câncer, e tentei viver com uma visão de mundo ligeiramente diferente da norma. O fato de ter rejeitado o que era “esperado”, “normal”; parecia algo precisamente típico de mim.

Eu realmente nunca senti pertencer à maioria. Era o mesmo com os cuidados médicos, como qualquer outra coisa. “Por que não tentar viver de acordo com meus princípios!”Entretanto, como é o caso de quando estou tentando criar uma obra [um filme], a vontade sozinha não basta. A doença continuou progredindo dia após dia.

Por outro lado, como um membro da sociedade, realmente aceito pelo menos metade do que a sociedade geral toma como certo. Eu pago impostos. Estou longe de ser um cidadão-modelo, mas sou um membro pleno da sociedade japonesa. Então, afora as coisas que precisava fazer para prolongar minha vida do meu próprio ponto de vista, também tentei fazer todas as coisas necessárias para “estar pronto para morrer apropriadamente”. Ainda que não pense que tenha conseguido fazê-las todas. Mas uma das coisas que fiz foi, com a cooperação de dois amigos, nos quais podia confiar, estabelecer uma companhia para cuidar de coisas como o punhado de direitos autorais que possuo. Outra coisa que fiz foi escrever um testamento para assegurar que minha mulher assumisse qualquer um dos bens modestos que tive. É claro, não pensei que haveria qualquer disputa em torno do meu legado ou coisa do tipo, mas queria assegurar-me de que minha mulher, que permaneceria neste mundo, não teria nada com que se preocupar – e, aliás, eu queria remover qualquer ansiedade de mim mesmo, aquele que faria uma pequena excursão no além, antes de ter de partir.

A papelada e a pesquisa necessárias para essas tarefas, nas quais nem minha mulher nem eu éramos bons, foram resolvidos diligentemente por amigos maravilhosos. Mais tarde, quando desenvolvi uma pneumonia e estava à beira da morte, e estampei minha assinatura final no testamento, pensei que se morresse naquele instante não restaria mais nada a fazer.

“Ah… posso morrer, enfim.”

Afinal, eu havia sido trazido de ambulância para o Hospital Musashino dois dias antes disso; e então novamente, para o mesmo hospital, no dia seguinte. Mesmo eu tive de ser hospitalizado e passar por vários exames. O resultado desses exames: pneumonia, água em meu peito, e quando perguntei ao doutor (bruscamente), a resposta que recebi foi bem direta, e de um modo fui grato por isso.

“Você pode durar um ou dois dias… mesmo se você sobreviver a isso, provavelmente terá até o fim do mês.”

Enquanto escutava, pensei “É como se ele estivesse me dizendo a previsão do tempo…”, mas, ainda, a situação era amarga.

Este foi o sete de Julho. Foi um Tanabata bastante cruel, por certo.

Então, decidi.

Eu queria morrer em casa.

Posso ter incomodado as pessoas ao meu redor, mas pedi a eles para encontrarem um jeito de eu escapar e ir para casa. [Pude fazê-lo] graças aos esforços de minha mulher, à cooperação do hospital, apesar de sua posição de ter desistido de mim, à ajuda tremenda de outras facilidades médicas e às coincidências que foram tão numerosas que pareciam ser dádivas dos céus. Nunca vi tantas coincidências e eventos encaixando-se tão perfeitamente na vida real; quase não pude acreditar. Isso não era Tokyo Godfathers, afinal.

Enquanto minha mulher corria para ajeitar as coisas necessárias para minha fuga, eu suplicava aos médicos: “Se eu puder ir para casa por um dia sequer, há coisas que ainda posso fazer!”; então esperando pela morte sozinho num depressivo quarto hospitalar. Eu estava solitário, e era isto o que estava pensando:

“Talvez morrer não será tão mal.”

Não havia qualquer razão, e talvez eu precisasse pensar assim, mas estava surpreendentemente calmo e relaxado.

Entretanto, houve apenas um pensamento que estava me corroendo:

“Não quero morrer aqui…”.

Enquanto pensava-o, algo se movia para fora do calendário da parede e começava a espalhar-se pelo quarto.

“Oh, nossa, uma linha marchando para fora do calendário. Minhas alucinações não são originais mesmo…”

Tinha de sorrir sobre o fato de que meus instintos profissionais funcionavam até mesmo numa hora dessas, mas em todo caso eu estava provavelmente mais perto da terra dos mortos do que já estive em qualquer outro momento. Realmente sentia a morte muito perto de mim. [Mas] com a ajuda de muitas pessoas, eu milagrosamente escapei do Musashino e voltei para casa, empacotado pela terra dos mortos e pelos lençóis de cama.

Devo enfatizar que não guardo críticas ou mágoas do Hospital Musashino, então não me entenda mal.

Eu só queria ir para casa, meu próprio lar. O lar onde vivo.

Estava um pouco surpreso que, mesmo quando eu estava sendo carregado para minha sala de estar, como um bônus, experimentei essa experiência do leito de morte a que todos são familiares, essa sensação de ver seu corpo sendo carregado de um lugar elevado. Eu estava olhando pra mim e para a cena ao meu redor de uma posição a vários metros acima do chão, através de lentes de ângulo amplo e luz de flash. O quadrado da cama no centro da sala parecia muito grande e proeminente, e meu corpo envolvido por lençóis estava rebaixado no centro do quadrado. Não pareceu muito gentil; mas não estou reclamando.

Então, tudo o que eu tinha de fazer era esperar a morte em meu próprio lar.

Contudo.

Parece que eu pude superar a pneumonia.

Ah…?

Eu meio que pensei assim:

“Não consegui morrer! (gargalhada)”.

Mais tarde, quando não pude pensar em nada mais além da morte, pensei que já tivesse de fato morrido. No fundo de minha mente, a palavra “renascido” pulsava várias vezes.

Surpreendentemente, depois de então minha força vital havia rejuvenescido. Do fundo do meu coração, acredito que isso é devido às pessoas que me ajudaram. Primeiro e antes de tudo minha mulher, meus amigos caridosos, os médicos e enfermeiras, os administradores de saúde.

Agora que minha força vital havia se restituído não podia desperdiçar meu tempo. Disse a mim mesmo que me fora dada uma vida extra, e que eu tinha de gastá-la cuidadosamente. Então, pensei que queria apagar pelo menos uma das irresponsabilidades que havia deixado para trás neste mundo.

Para ser sincero, só havia dito às pessoas mais próximas sobre meu câncer. Não tinha sequer dito aos meus pais. Em particular, por causa de várias complicações relativas ao trabalho, não pude dizer nada (às pessoas), mesmo se eu quisesse. Queria ter anunciado meu câncer na internet e reportado meu tempo de vida restante, mas se a morte de Satoshi fosse marcada, algumas ondas de choque poderiam ter sido geradas, não importando o quão pequenas. Por essas razões, agi de maneira muito irresponsável para as pessoas caras a mim. Estou tão arrependido.

Havia tantas pessoas que eu queria ver antes de morrer, para dizer apenas uma palavra de consideração. Família e parentes; velhos amigos e colegas de classe do primário, ginásio e colegial; os camaradas da faculdade; as pessoas que conheci no mundo do manga, com quem compartilhei tanta inspiração; as pessoas no mundo do anime, a cujas mesas sentei-me próximo, com os quais saí para beber, com os quais competia nos mesmos trabalhos; com os camaradas com quem compartilhei bons e maus momentos. As pessoas incontáveis que pude conhecer devido à minha posição de diretor de cinema; as pessoas que chamaram a si mesmas de meus fãs, não apenas do Japão, mas de todo o mundo; os amigos que fiz na web.

Há tantas, tantas pessoas que queria ter visto pelo menos uma vez (bem, também há algumas que não), mas se as ver temo que o pensamento “eu posso nunca mais ver essa pessoa novamente” iria apoderar-se de mim, e que então não conseguiria saudar a morte graciosamente. Mesmo se tivesse me recuperado, teria muito pouca força vital restante, e necessita-se muito esforço para encontrar as pessoas. Quanto mais as pessoas quisessem me ver, tanto mais difícil era para encontrar-me com elas. Que ironia. Ademais, a parte de baixo do meu corpo estava paralisada devido ao câncer espalhando-se por meus ossos, e eu estava debruçado em minha cama, e eu não queria que as pessoas vissem meu corpo pálido. Queria que a maior parte das pessoas que conheci se lembrassem de mim como o Satoshi cheio de vida.

Eu gostaria de usar este espaço para desculpar-me com meus parentes, amigos e conhecidos, por não dizê-los sobre meu câncer, por minha irresponsabilidade. Por favor, entendam que este era meu desejo egoísta. Quero dizer, Satoshi Kon era “aquele tipo de cara”. Quando imagino seus rostos apenas tenho boas memórias, e me lembro de (seus) grandes sorrisos. A todos, obrigado por todas as lembranças verdadeiramente importantes. Eu amei o mundo em que vivi. Apenas o fato de poder pensar isso me faz feliz.

As muitas pessoas que conheci no decorrer de minha vida, independente de terem sido positivas ou negativas, ajudaram a moldar o ser humano que é Satoshi Kon, e estou grato por todos esses encontros. Mesmo se o resultado final é uma morte precoce na metade dos 40, isto aceitei como meu próprio e único destino. Tantas coisas positivas aconteceram comigo, afinal.

O que penso sobre a morte agora é: “posso apenas dizer: que infortúnio”. Mesmo.

No entanto, embora eu possa despreocupar-me de muitas de minhas ações irresponsáveis [por não dizer às pessoas], não posso evitar de sentir-me arrependido por duas coisas. Sobre meus pais, e sobre Maruyama-san, [fundador] do Madhouse.

Ainda que tenha sido bem tarde, não houve escolha além de esclarecer toda a verdade: queria implorar por seu perdão.

Tão logo vi a face de Maruyama-san quando veio ver-me em casa, não pude evitar o fluxo de lágrimas, ou meu sentimento de vergonha. “Lamento tanto, tanto, por acabar assim…”. Maruyama-san não disse nada, e apenas abanou sua cabeça e segurou minhas mãos. Eu estava preenchido de agradecimento. Sentimentos de gratidão e alegria; que eu fui sortudo o bastante para trabalhar com esta pessoa, vieram até mim como uma avalanche. Pode ser egoísmo, mas senti como se tivesse sido perdoado naquele instante.

Meu maior arrependimento é o filme “Dreaming Machine” . Estou preocupado não com o filme em si, mas com a equipe com quem pude trabalhar nele. Afinal de contas, há a forte possibilidade de que os storyboards que foram criados com (nosso) sangue, suor e lágrimas nunca sejam vistos. Isto porque Satoshi Kon meteu suas mãos na história original, no roteiro, nos personagens e tramas, nos esboços, na música… cada mísera imagem. É claro, há coisas que eu compartilhava com o diretor de animação, o diretor de arte e outros membros da equipe, mas basicamente a maior parte do trabalho pode ser apenas entendida por Satoshi Kon. É fácil dizer que foi minha culpa por organizar as coisas desse jeito, mas do meu ponto de vista fiz todo esforço para compartilhar minha visão com os outros. Entretanto, no meu estado atual, posso apenas sentir um profundo remorso por minhas insuficiências nessas áreas. Peço desculpas a toda a equipe. Mas quero que entendam, ainda que apenas um pouco. Satoshi Kon foi “aquele tipo de cara”, e é por isso que ele pôde fazer anime meio estranho, um pouco diferente. Sei que isso é uma desculpa egoísta, mas pensem em meu câncer e, por favor, perdoem-me.

Não estive parado esperando pela morte; mesmo agora estou pensando com meu cérebro debilitado em jeitos de deixar o trabalho vivo mesmo depois de ter desaparecido. Mas todos eles são ideias cadentes. Quando contei a Maruyama-san sobre minhas preocupações com “Dreaming Machine”, ele apenas disse: “Não se preocupe. Nós vamos dar um jeito, então não se preocupe”.

Eu chorei.

Chorei incontrolavelmente.

Mesmo com meus filmes anteriores, fui tão irresponsável com as produções e orçamentos, mas sempre tive Maruyama-san para resolver tudo no fim.

Desta vez não é diferente. Realmente não mudei.

Pude falar com Maruyama-san até me saciar. Graças a isso, pude sentir, pelo menos um pouco, que os talentos e habilidades de Satoshi Kon foram de algum valor à nossa indústria.

“Eu lamento perder o seu talento. Gostaria que você pudesse deixá-lo pra nós.”

Se Maruyama-san do Madhouse diz isso, então posso ir para o submundo com um pouco de autoestima, afinal. E é claro, mesmo sem todos me dizendo isso, eu, sim, sinto arrependimento que minhas visões estranhas e a habilidade de descrever as coisas com minúcia de minutos sejam perdidas; mas não há o que fazer. Estou grato do fundo do meu coração que Maruyama-san deu-me a oportunidade de mostrar ao mundo essas coisas. Obrigado, muito obrigado. Satoshi Kon foi feliz como diretor de animação.

Foi tão triste contar aos meus pais.

Realmente pretendi subir até Sapporo, onde meus pais vivem, enquanto ainda podia, mas minha doença progrediu com rapidez tão inesperada e irritante que acabei ligando para eles da sala do hospital no momento mais próximo da morte.

“Estou nos estágios finais de câncer e morrerei logo. Fui tão feliz tendo nascido como um filho de Papai e Mamãe. Obrigado.”

Eles devem ter sido devastados por ouvir isso do nada, mas estava certo de que morreria naquele instante.

Mas então voltei para casa e sobrevivi à pneumonia. Fiz a grande decisão de ver meus pais. Eles queriam me ver também. Mas seria tão difícil vê-los, e eu não tinha a vontade necessária para fazê-lo. Mas eu queria ver o rosto de meus pais uma vez mais. Queria dizer a eles o quão grato estava por terem me trazido a este mundo.

Fui uma pessoa feliz. Apesar de ter de me desculpar à minha mulher, meus pais e a todas as pessoas que amo por ter vivido minha vida um pouco rápido demais.

Meus pais consentiram com meu desejo egoísta, e vieram no dia seguinte, de Sapporo à minha casa. Nunca poderei esquecer as primeiras palavras saídas da boca de minha mãe, quando me viu lá deitado.

“Lamento tanto, por não ter te trazido ao mundo com um corpo mais forte!”

Eu estava completamente sem palavras.

Podia gastar só um pouco de tempo com meus pais, mas foi o bastante. Tinha sentido que se visse seus rostos, seria o bastante, e realmente assim foi.

Obrigado, Pai, Mãe. Estou tão feliz que nasci neste mundo como o filho de vocês dois. Meu coração está cheio de lembranças e gratidão. A felicidade em si é importante, mas estou tão grato que vocês me ensinaram a apreciá-la. Obrigado, tão muito obrigado.

É tão desrespeitoso morrer antes dos pais, mas nos últimos 10 anos ou mais pude fazer o que quis como diretor de anime, atingir meus objetivos e receber alguns bons reviews. Arrependo-me, mesmo, que meus filmes não tenham feito muito dinheiro, mas penso que receberam o que mereceram. Nestes últimos 10 anos ou mais, em particular, senti como se tivesse vivido mais intensamente do que as outras pessoas, e penso que meus pais entenderam o que estava em meu coração.

Por causa das visitas de Maruyama-san e meus pais, senti como se retirasse um grande fardo dos meus ombros.

Por fim, a minha mulher, aquela com quem mais me preocupo, mas me apoiou até o fim.

Desde aquele pronunciamento de “tempo restante”, mergulhamo-nos em lágrimas juntos tantas vezes. Todo dia foi brutal para nós dois, fisicamente e mentalmente. Quase não há palavras para tal. Mas a razão por que pude sobreviver a esses dias difíceis foram as palavras que você disse a mim logo depois de recebermos aquelas notícias.

“Eu estarei ao seu lado até o fim.”

Fiel a estas palavras, como se você estivesse deixando minhas preocupações ao pó, você habilmente dirigiu as demandas e pedidos que vieram correndo em sua direção como uma avalanche, e rapidamente aprendeu como cuidar do seu marido. Fiquei tão tocado, observando você lidar com as coisas tão eficazmente.

“Minha mulher é maravilhosa.”

Não é preciso continuar a dizer isso agora, você diz? Não, não. Você é ainda mais maravilhosa agora do que sempre foi – eu realmente sinto isso. Mesmo depois de eu ter morrido, acredito que você irá enviar Satoshi Kon ao próximo mundo graciosamente. Desde que nós nos casamos, eu estava tão envolvido em “Trabalho, trabalho” que pude apenas gastar algum tempo em casa depois do câncer – uma pena.

Mas você permaneceu perto de mim, você sempre entendeu que eu precisava mergulhar em meu trabalho, que meu talento estava lá. Eu fui feliz. Verdadeiramente feliz. Durante minha vida, e enquanto espero pela morte, simplesmente não posso expressar minha gratidão a você o bastante. Obrigado.

Há tantas coisas, coisas incontáveis, com que me preocupo, mas tudo precisa de um fim.

Finalmente, ao doutor H, que concordou em cuidar de mim até o fim, em minha casa, apesar de não ser algo mais feito nesses dias, e à sua esposa e enfermeira, K-san, eu gostaria de expressar minha profunda gratidão. Cuidado médico em uma casa privada é muito inconveniente, mas você pacientemente lidou com os numerosos fardos e dores que o câncer trouxe, e fez o impossível para fazer-me o mais confortável possível até chegar este objetivo final chamado morte. Não posso dizer o quanto vocês me ajudaram. E vocês não apenas lidaram com este difícil e arrogante paciente como se fosse apenas seu trabalho, mas tratavam-me como seres humanos. Não posso dizer o quanto me apoiaram e o quanto me salvaram. Fui encorajado por suas qualidades como seres humanos inúmeras vezes. Estou profunda, profundamente agradecido.

E – estes são mesmo os últimos –, logo após eu ter recebido aquele aviso, em meados de maio até agora, tive sorte de ter a cooperação, ajuda e suporte mental, pessoalmente e profissionalmente, de dois amigos. Meu amigo T, que tem sido um amigo desde o colegial e um membro da KON’Stone Inc., e produtor H, eu agradeço a ambos do fundo do meu coração. Muito obrigado. É difícil para mim, com meu magro vocabulário, expressar minha gratidão adequadamente a vocês dois. Minha mulher e eu recebemos tanto de vocês.

Se ambos não estivessem aqui pela gente, estou certo de que estaria antecipando a morte olhando para minha mulher, aqui, enquanto ela estaria sentada ao meu lado consideravelmente mais trepidante e temerosa. Estou realmente em seu débito.

E, se puder pedir a vocês uma coisa mais – poderiam ajudar minha mulher a enviar-me para o outro lado após minha morte? Conseguiria subir neste voo com minha mente em repouso se pudessem fazer isso para mim. Peço isto do fundo do meu coração.

Então, a todos que permaneceram comigo através deste longo documento, obrigado.

Com meu coração cheio de gratidão, por tudo de bom no mundo, soltarei minha caneta.

Agora, com licença; eu preciso ir.

- Satoshi Kon.
Tóquio, agosto de 2010.

Tradução Revista Akahon

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